Por José Renato Nalini.
Todos conhecem aquele ser que parece haver nascido para nos atormentar.
Ele pode estar na família, pois o mesmo sangue não significa automática aceitação de características que podem não afinar com o que você espera do seu círculo de amigos. Pode estar no trabalho, o que é mais frequente. Porque aí, você não pode evitar o contato. Encontra todos os dias! E haja paciência!
Para quem tem fé, essas pessoas ajudam a abreviar o caminho para o céu. Não apenas porque você vai morrer primeiro, de tanto dissabor, mas porque você já vai chegar lapidado. Descontou, nesse convívio desconfortável, pelo menos uma parte da dívida contraída por não ter sido um fiel exemplar, cumpridor de todos os seus deveres confessionais.
Há uma variedade enorme desses “santificantes” que surgem no nosso espaço e provocam os nossos sentimentos mais primários e instintivos. Cujo controle nos custa e às vezes pode nos causar alguma úlcera ou, pelo menos, uma gastrite.
Dentre os tipos mais comuns, destaca-se o agressivo. Seu hobby é impor suas ideias a qualquer custo. É ácido ao se expressar. Abusa da posição dele e, quando pode, submete o subordinado à sua vontade. É aquele que pinta de cinza-chumbo o ambiente em que se encontra.
Outro é o orgulhoso, cujas opiniões devem preponderar. Não aceita críticas, bate a mão no peito e teima que sua ideia, por estar certa, é aquela que deve prevalecer. Não tem discernimento de falar que alguém faz contraponto relevante. O que os outros falam, para ele, sempre é bobagem. Se não verbaliza, seu olhar irônico traduz o que pensa.
O radical se dispõe a “chutar o pau da barraca”. Diz o que ninguém tem coragem, contesta a forma como tudo é feito. Esse perfil tem o dom de aumentar a ansiedade das pessoas e deixa todas elas um pouco angustiadas, pois o fundamentalismo de suas ideias por pouco não chega às vias de fato.
Há o contestador, que sempre critica e coloca um porém nas ideias alheias. Só vê obstáculos e sempre começa a sua fala com um ”não”. E quem não conhece o “advogado do diabo” que, além de não concordar com ninguém, quer fulminar a boa ideia que acabou de ouvir. Quando é bem humorado ainda é suportável, pois não é levado a sério. Mas quando adiciona a essa característica um temperamento antipático, é duro de engolir.
Mas viver é conviver. Se todos fossem perfeitos como você é, qual seria a graça do mundo?
Autor: JOSÉ RENATO NALINI
Ex-Secretário de Estado da Educação e Ex-Presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo. Ex-Presidente e Imortal da Academia Paulista de Letras. Membro da Academia Brasileira de Educação. Atual Reitor da UniRegistral. Palestrante e Conferencista. Professor Universitário. Autor de dezenas de Livros: “Ética da Magistratura”, “A Rebelião da Toga”, “Ética Ambiental”, entre outros títulos.
Fonte: < https://renatonalini.wordpress.com/2018/07/16/profissao-atormentar/> acesso 17\07\2018 as 15:32